Localizada no bairro Milionários, na região do Barreiro em Belo Horizonte, a Escola Estadual José do Patrocínio Pontes tem sido um marco no desenvolvimento cultural e educacional de seus 997 alunos do ensino fundamental. Com o apoio do projeto Lab Conexão, a escola implementou uma abordagem inovadora que une arte e educação, culminando na realização de uma Mostra de Cultura Regional.
Neste evento interdisciplinar, cada série foi designada a explorar e representar uma região diferente do Brasil, abrangendo ricos aspectos como história, cultura, patrimônio, turismo e gastronomia. Esta iniciativa não apenas destacou a rica diversidade cultural brasileira, mas também promoveu entre os estudantes um entendimento mais profundo e uma valorização das variadas manifestações culturais presentes no país.
“Estamos aqui com o Lab Conexão, realizando uma parceria que enriqueceu significativamente nossa dinâmica ao longo do ano. A formação das professoras com Sandra Lane foi extremamente proveitosa, e também realizamos oficinas com as bibliotecárias, além de sessões de contação de histórias para os alunos. Esse projeto teve um impacto importante no desenvolvimento dos professores e no trabalho dentro da biblioteca, tornando-o mais pedagógico, lúdico e criativo. Gostaria de agradecer à Vallourec pela oportunidade proporcionada à nossa escola.” (Wesley Milagres, diretor)
A importância de integrar o regionalismo e a cultura no currículo educacional se manifesta vividamente através desta mostra, que criou um espaço para que os alunos expressassem suas aprendizagens através de múltiplas linguagens artísticas como música, dança, e artes culinárias, além de explorar o turismo e o patrimônio cultural, imaterial e natural de cada região.
Ao fazer isso, a escola não apenas enriqueceu o conhecimento acadêmico dos alunos, mas também fortaleceu sua identidade cultural e social. Este tipo de educação, que enfatiza o aprendizado através da arte, prova ser fundamental para o desenvolvimento de habilidades críticas e criativas, preparando os alunos para serem cidadãos conscientes e engajados em um mundo globalizado, mantendo ao mesmo tempo um forte senso de suas raízes e heranças culturais.
“Eu sou professora do segundo ano e junto as outras turmas, ficamos responsáveis por mostrar a fauna e a flora das regiões, nossa turma ficou com a regiãonorte e nas minhas pesquisas eu encontrei uma artista, a Raquel Camilo, eu fiquei encantada com o trabalho de colagem dela, tecidos ela trabalha também e os desenhos são todos vindos da floresta amazônica. Então resolvi entrar em contato e ela a todo tempo muito gentil, nos auxiliou no trabalho de colagem, foram expostas também algumas obras dela. Ela me mandou uma carta e eu fiquei apaixonada, porque fomos reconhecidos lá no norte do Brasil e era lá que nós queríamos chegar. (…) Em uma parte da carta ea diz Falar sobre arte, sobre amazônia, faz com que todos também se amazônizem, voltem seus olhos para essa realidade, se contendo como parte da sua preservação e da preservação infinida. Que as crianças sejam nossa esperança, que sejam sempre no viante, mas que nós sejamos responsáveis por todos.” (Silvana Fernandes, professora)
Foram realizados diversos trabalhos interdisciplinares que ligaram arte e educação na construção da Mostra de Cultura Regional Brasileira, cada professora pesquisou e explorou diferentes formas de se trabalhar com as expressões culturais.
“A princípio ficamos um pouco assustados com a feira de cultura, porque é tanta coisa, uma diversidade imensa. Trabalhamos no estado do nordeste e eu particularmente fiquei com o estado de Sergipe. Apesar de ser um estado pequeno, é um estado muito rico, culturalmente falando. Só de festas, são 12 festas. Pesquisando encontramos a festa dos caretas, onde eles colocam máscaras e saem pelas ruas assustando a população em um momento de diversão. Mostrei para os meninos a proposta, eles gostaram e eu fiquei pensando como ia materializar isso. Por sugestão da Patrícia Lima da biblioteca, que já havia feito oficinas com o Lab Conexão, foi de fazer a confecção da máscara com papel maché. Começamos fazendo o formato da máscara com colagem do papel no balão e depois finalizando com papel maché, os alunos amaram a textura, amaram tocar na massa, espalhando e fazendo o trabalho todo, tem a mãozinha deles o tempo todo e finalizamos com a pintura. Foi um processo com descobrimento, muito bacana. Para mim a experiência foi nova, nunca tinha trabalhado com papel maché e vou levar para a educação infantil.” ( Claudia Marcia, professora do terceiro ano)
Capacitação Docente e Atividades Interdisciplinares
Para garantir o sucesso deste ambicioso projeto, os 73 docentes da escola participaram ativamente em uma série de oficinas meticulosamente planejadas, cujo objetivo era aprimorar a integração de diversas linguagens artísticas e educacionais no currículo. Uma das iniciativas mais destacadas foi a oficina “Kamishibai Brasil na Sala de Aula”, ministrada por Sandra Lane. Neste módulo, os professores foram imersos na arte tradicional japonesa do kamishibai, uma técnica de contar histórias que utiliza um teatro de papel ilustrado, enriquecendo significativamente suas metodologias de ensino com um enfoque visual e narrativo.
“Eu trabalho há muitos anos aqui no José do Patrocínio da Silva Pontes e tivemos o prazer e privilégio de ter um curso sobre o Kamishibai. E dentro dessas perspectivas eu trabalhei na minha turma do terceiro ano do ensino fundamental e foi excelente, foi um progresso e tanto. Aí dentro disso eu trabalhei com os alunos, eles montaram a história deles, início, meio e fim, com desenhos e usamos o butai. E dentro do butai eles foram contando as histórias e já usamos umas três ou quatro vezes. Então essa conexão foi maravilhosa, tivemos um retorno maravilhoso, os meninos estão amando e estaremos sempre usando. Façam uso do kamishibai porque vale a pena. “(Fátima Aparecida Ribeiro, professora)
Paralelamente, os técnicos de biblioteca da escola foram envolvidos em um treinamento intensivo chamado “Fábrica de Histórias”, liderado por Nana. Este programa foi especialmente desenvolvido para reforçar suas competências em narração e fomentar um ambiente de leitura mais engajado e interativo. Esta capacitação visava não apenas melhorar as habilidades individuais dos bibliotecários, mas também transformar a biblioteca em um centro dinâmico de aprendizado e descoberta literária.
“Participei da oficina da Nana, foi uma oficina muito boa pra gente, porque agregou valores para fazer a gente passar para as crianças. Eu trabalho na sala de recursos e o que mais a gente tá utilizando hoje é um palhacinho que ela passou pra gente e fizemos com 500 crianças. E eles gostaram demais. Foi super divertido!” (Adriane Martins, professora de recursos)
Espetáculos Teatrais e Diálogo com Escritores
O ciclo criativo do Lab Conexão para os alunos, incluiu espetáculos como “Primavera de Histórias” com Sandra Lane e Wilmar Rocha, “Pequeno Grande Encontro” com a Cia Lunática, e “Viajando o Mundo com Histórias” por Renata Camargos. Essas apresentações serviram como uma extensão prática dos temas explorados nas salas de aula, permitindo aos alunos experimentar diversas formas de expressão artística e narrativa.
Adicionalmente, os estudantes tiveram a oportunidade de interagir diretamente com Renata Camargos, autora dos livros “Escola Azul” e “Valentim: O leãozinho forte e valente”, em sessões de perguntas e respostas que enriqueceram sua experiência de aprendizado e inspiração.
Desafios e Práticas Pedagógicas Inovadoras
Integrar quase mil alunos em um projeto tão abrangente apresentou desafios logísticos e pedagógicos significativos. No entanto, a escola superou essas barreiras adotando práticas educacionais inclusivas e interativas. A estratégia adotada envolveu uma colaboração estreita entre docentes e a coordenação do projeto para garantir que cada aluno pudesse contribuir e se beneficiar das atividades propostas. Este esforço coletivo não só fortaleceu o senso de comunidade e pertencimento entre os alunos, mas também reafirmou a importância de práticas pedagógicas que encorajam a participação ativa e o engajamento em aprendizados multidisciplinares.
O sucesso da Mostra de Cultura Regional e das atividades relacionadas na Escola Estadual José do Patrocínio Pontes é um testemunho do poder das artes e da educação integrada. Ao conectar alunos, professores e a comunidade em um diálogo educacional e cultural enriquecedor, a escola não apenas eleva o padrão de ensino, mas também prepara seus alunos para serem cidadãos conscientes e criativos em um mundo diversificado.
Serviço
Lei Federal de Incentivo à Cultura
Patrocínio: Vallourec
Parceria: Instituto Território Criativo
Realização: Planeta Cultura e Sustentabilidade | Ministério da Cultura | Governo Federal União e Reconstrução